25.8.08

Festival de Filmes de Celular premia produções de até 3 minutos em Gramado
LUANA VILLAC
colaboração para a Folha de S.Paulo, em Gramado (RS)

Uma idéia na cabeça e um celular na mão. Bastava isso para participar da primeira edição do Festival de Filmes de Celular, realizado durante o 16º Gramado Cine Vídeo. O evento premiou produções audiovisuais com duração máxima de até três minutos realizadas por aparelhos celulares.

O festival gaúcho recebeu mais de 150 inscrições de todo o país. Foram selecionados dez trabalhos, que tiveram apresentação em uma mostra não-competitiva, e três finalistas para a mostra competitiva. Estes foram avaliados por um júri popular, que votou por SMS ou pela internet, e pelo júri oficial.

Divulgação

Gramado Cine Vídeo realizou pela primeira vez a premiação de filmes de celular
A catarinense Gabriela Dreher, 27, foi uma das três finalistas com o trabalho "Turbo Triece", animação que tem um bebê como protagonista. Ilustradora e animadora, ela fez o filme em flash, no computador, e exportou para o telefone móvel. "Foi tudo muito intuitivo, me imaginei como público e fui fazendo", conta.

Para Gabriela, que já foi premiada no Anima Mundi, a animação em celular tem algumas especificidades. "Devido ao formato da tela, o melhor é abusar do close". Mas ela garante que qualquer um pode se aventurar a brincar de diretor. "Basta saber apertar o botão e fazer."

A animação "A Chamada", do paulistano Luiz Porta, 27, foi também finalista. Segundo Luiz, o segredo do formato é usar poucos detalhes e trabalhar bem as cores. "Como o display é pequeno, o importante é ser bastante objetivo."

A grande vencedora do evento, que levou os prêmios dos júris popular e oficial, foi Leila Dias, de Palmas, Tocantins. Ela participou da competição com dois filmes --"Todas as Línguas" e "Basta um Pé e uma Mão", este último o vencedor dos Galgos de Ouro. Ambos foram feitos dentro do projeto "Telinha de Cinema", que oferece oficinas de cinema a jovens e idosos.

Enquanto "Basta um Pé e uma Mão" foi o resultado de um workshop com a terceira idade, o mini-documentário "Todas as Línguas", que aborda a diversidade religiosa, foi realizado por um grupo de estudantes de 13 a 18 anos, da rede pública de Palmas. Merk Miranda, 16, uma das participantes, cresceu num assentamento rural e conheceu o cinema através da tela do celular, ao participar do projeto.

"É maravilhoso saber que eu trabalhei na produção de um filme." Para Leila, a grande vantagem do uso dos telefones móveis na produção cinematográfica é o custo. "O celular realmente democratizou o acesso à tecnologia".

A jornalista LUANA VILLAC viajou a convite da organização do evento.