3.4.08

Propaganda sustentará redes sociais no celular, diz MySpace
Terça-feira, 01 de Abril de 2008, 23h18

Ainda existem muitas dúvidas sobre como gerar receita com aplicativos de redes sociais no mundo da telefonia celular. O tema foi o centro das discussões em um painel dedicado a social networks durante a CTIA Wireless 2008, nesta terça-feira, 1/4, em Las Vegas. Trata-se do maior evento de telefonia celular dos EUA.

Como na internet os serviços de redes sociais são gratuitos, dificilmente os usuários móveis estariam dispostos a pagar para acessá-los no celular. “Nossos clientes já deixaram claro que não estão dispostos a pagar. O caminho é vender espaço publicitário. Vamos seguir esse modelo no mundo inteiro”, afirmou o diretor de desenvolvimento de negócios móveis do MySpace, Brandon Lucas.

Por sinal, a versão móvel do MySpace, hospedada no endereço “m.myspace.com”, está fazendo sucesso. Lançada em setembro nos EUA, já tem mais de 1,2 milhão de usuários únicos. Ainda é pouco, contudo, quando comparado com a base de usuários únicos do MySpace na web: 110 milhões no mundo inteiro.

De qualquer forma, Lucas garante que a venda de publicidade consegue manter o serviço em funcionamento no celular. Além dos tradicionais banners, o MySpace ganha dinheiro com a venda de perfis feitos sob medida para marcas. “O filme “Transformers” criou um perfil próprio e conquistou 300 mil amigos antes mesmo de sua estréia”, exemplificou.

Fôlego

Mas nem todos especialistas presentes no painel concordam que a publicidade consiga sustentar sozinha os serviços no celular, pelo menos por enquanto. Para o vice-presidente sênior para América do Norte da Acision, Oswin Eleonora, seria preciso que as operadoras abrissem mais informações sobre seus usuários para que a publicidade no celular ganhasse mais valor e atraísse mais marcas.

Além disso, o executivo alertou para o risco da adoção de tarifas fixas para uso ilimitado de dados, como anunciado recentemente pela Sprint Nextel nos EUA: “O uso aumenta muito. E aí, ou a operadora precisará reajustar a tarifa ou então ganhar dinheiro com publicidade”.

Assinatura

O modelo de assinatura para acesso a serviços de redes sociais no celular tampouco é uma boa opção. “Testamos assinatura na Orange e não deu certo. As operadoras preferem oferecer de graça o serviço e ganhar com o tráfego de dados”, disse o diretor de marketing da NewBay, Nagapan Arunachalam.

Por outro lado, a empresa aponta como uma opção de receita a oferta de serviços premium, como upload e alertas via SMS e MMS sobre perfis em redes sociais no celular.

Operadora pagaria?

A maior polêmica durante o painel foi levantada por Steve Spencer, CEO da Upoc Networks, empresa do grupo Dada que tem um serviço de social network exclusivo para celulares: ele acredita que no futuro as redes sociais serão tão fortes e terão tantos usuários que as operadoras celulares pagarão para tê-las disponíveis em seus decks.

“Será como acontece na TV a cabo, em que o provedor de serviço compra determinados conteúdos”, comparou. A idéia, entretanto, não foi bem recebida pelos demais painelistas. Lucas, do MySpace, disse que ano passado chegou a receber algumas propostas desse tipo de algumas operadoras, mas garante que hoje nenhuma delas pensa mais dessa forma. “Este não é o caminho. Nenhuma operadora irá pagar”, afirmou. Fernando Paiva, de Las Vegas